sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

I Think I Do (Acho Que Sou)

I Think I Do (Acho Que Sou), 1997


Há cinco anos, Bob (Alexis Arquette) sente uma forte atração por Brendan (Christian Maelen), seu companheiro de faculdade. Eles eram grandes amigos e moravam na mesma república durante a faculdade, até que, no meio de uma brincadeira, Bob mostrou que estava apaixonado e Brendan fugiu. Anos depois, os dois encontra-se no casamento de uma amiga comum, no qual Brendan descobre que sempre amou Bob, pois não há ninguém melhor para se apaixonar do que pelo seu melhor amigo.


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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Get Real (Saindo do Armário)

Get Real (Saindo do Armário), 1998


Steven (Ben Silverstone) é um adolescente, que gosta de ouvir música e vive no computador. De uma forma bem inesperada ele encontra e acaba se apaixona por Dixon (Brad Gordon), o atleta mais cobiçado pelas garotas da escola. Dixon, aos 16 anos, tem dificuldade em entender e assumir sua sexualidade. Os dois tentam levar adiante o namoro em meio a toda a pressão social do ensino médio, o que decorre em muito fatos interessantes.


domingo, 26 de janeiro de 2014

Capítulo 4 - O Início de Uma Guerra (Cont.)

No dia seguinte, os dois acordaram, vestiram-se para ir à UFTU e tomaram café da manhã juntos. Durante a refeição, Enzo resolveu compartilhar suas angústias com Daniel, visto que Pedro já havia saído para trabalhar e eles ainda tinham algum tempo antes de irem para a universidade. Então ele iniciou a conversa dizendo em tom sério:

- Amor, acho que precisamos conversar sobre algumas coisas...
- O que foi amor? - Daniel repousou a xícara de café sobre a mesa percebendo o tom do namorado - Por que essa cara?
- Que cara? - Enzo não tinha percebido que conflito interno relacionado a falar sobre aquele assunto o tinha feito assumir uma feição fechada - Desculpe... - disse ele assumindo uma feição mais leve - Eu não queria estragar esse lindo café da manhã com essa conversa chata, mas eu preciso compartilhar isso com você! Eu não gostei de ter mentido ontem pro teu pai, fingindo que éramos apenas amigos e que a gente não passou boa parte da noite namorando...amor eu não gosto desse tipo de situação...
- Amor...desculpa, eu não queria te colocar nessa situação, mas ele chegou de repente...o que eu poderia ter feito naquela situação?
- Eu não me refiro somente a hoje, eu estou falando da situação como um todo...eu não posso ficar frequentando a sua casa e cumprimentando os seus pais como se eu fosse meramente um amigo seu - Enzo percebeu que havia inconscientemente aumentado o tom de voz, então ponderou e prosseguiu - Eu te amo Daniel, mas eu não quero me submeter a uma situação em que eu tenha que mentir e me sentir culpado por gostar de ti! Na qual eu tenha que olhar nos olhos do teu pai e mentir sobre a tua importância pra mim!
- Espera amor...você quer que eu vá imediatamente e diga pro meu pai que nós estamos namorando? - Daniel levantou da cadeira e continuou - Aquele que me repreendeu veementemente quando eu era criança, por um acontecimento bobo como aquele que eu te contei? Aquele que põe a religião acima de tudo e pensa que um homossexual é tão repulsivo e vai queimar no Inferno? - lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Daniel e Enzo se levantou em direção a ele - É...para esse homem que você quer que eu conte? Eu esperava um pouco mais de compreensão da sua parte Enzo!
- Amor! - Enzo o abraçou - Desculpa, eu não quis ser insensível, mas eu...esquece...esquece o que eu disse amor!
- Acho que é melhor a gente ir pra UFTU - disse Daniel, afastando Enzo - Você já terminou de tomar café?
- Já amor - Apesar da sutileza de Daniel, Enzo percebera o quanto tinha magoado o namorado e desejava não ter iniciado aquela conversa.

A partir daquele momento Daniel não proferira qualquer palavra. No carro, quando estavam a caminho da UFTU, Enzo não pôde mais aguentar e quebrou o silêncio que se estabelecera entre eles:

- Daniel, desculpa! Você não vais mais falar comigo? É isso mesmo?
- Amor... - Daniel procurou um lugar para parar o carro, virou para Enzo e, olhando profundamente em seus olhos, continuou - Eu estou muito chateado e não quero ser rude com você! Eu não quero mais falar desse assunto e adoraria que você pudesse me compreender e deixar pra gente conversar outra hora!
- Mas amor... - Enzo decidiu que não adiantava tentar, então baixou a cabeça e assentiu - Tudo bem! Mas eu não posso mais ficar nesse carro, esse silêncio entre a gente é muito ruim e eu prefiro ir andando!
- Claro que não amor! - protestou Daniel.
- Não se preocupe...são apenas três quarteirões até a UFTU - Enzo abriu a porta do carro, saiu e continuou a falar - e eu tenho mais tempo antes de começar a aula do que você! Pode ir, eu vou ficar bem!
- Tudo bem, mas tenha cuidado e me liga quando sair da aula!
- Pode deixar! e... Desculpa de novo pelo que eu disse - ele olhou para baixo, então fechou a porta do carro.

Enquanto caminhava em direção a UFTU Enzo se lamentava muito por ter magoado Daniel dizendo aquelas coisas, afinal ele apenas estava tentando dizer o quanto a ideia de mentir o desagradava, mas nunca quis pressionar Daniel da forma como ele dissera. Porém, no fim das contas, ele dava razão a Daniel em ter se magoado, pois ele imaginava o quanto fora traumático para o namorado o que ocorreu quando ele tinha sete anos e como devia ser difícil pra ele contar aos pais sobre a homossexualidade, então ele pensou: Droga! O que eu devo fazer, já que eu não quero magoar o Daniel e nem ir contra os meus princípios? Quando ele estava a um quarteirão de chegar à universidade, ainda perdido nesses pensamentos, Enzo sentiu alguém tocar o seu ombro e lhe puxar de volta à realidade. Ao olhar para a pessoa, Enzo percebeu que era Pietro, o rapaz que conhecera outro dia na "Snacks", o qual lhe cumprimentou:
- Bom dia Enzo!
- Oi...Bom dia Pietro - Enzo estava visivelmente pouco empolgado naquele dia, o que chamou a atenção de Pietro.
- Tudo bem contigo? Aconteceu alguma coisa?
- Não Pietro...bem, na verdade eu acabei de discutir com o Daniel...
- Cara...tenso...Quer conversar sobre isso? Ainda tenho algum tempo antes da aula!
- Claro...por que não... - Enzo não sabia muito bem o porquê, mas sentiu que precisava conversar com alguém e, considerando-se que Frida agora era uma inimiga mortal, a única pessoa com quem poderia fazer isso era aquele rapaz que ele mal conhecia - vamos até a "Snacks".

Naquele exato momento, a recém citada "inimiga mortal" de Enzo estava chegando à universidade e viu quando ele encontrou com Pietro, então resolveu segui-lo. Quando chegou à lanchonete, ela permaneceu afastada da mesa em que Enzo conversava com Pietro, observando-os.
Assim, Enzo explicou o motivo da discussão com Daniel, omitindo fatos muito pessoais para serem expostos a um quase total desconhecido e, principalmente, o fato ocorrido na infância, que o namorado compartilhara com ele. Após ouvir tudo atentamente, Pietro disse:

- Complicada a tua situação...eu te entendo quanto à parte da mentira e tudo, mas o teu namorado tem razão, se o pai dele for tão rígido com essa questão como parece, não há como ele jogar essa bomba em cima dele assim, de repente!
- Eu sei Pietro, e é isso que está me matando! Eu deveria ter pensado mais antes de falar e agora ele está chateado comigo!
- Calma Enzo! - Pietro, inesperadamente, pegou na mão de Enzo, sorriu pra ele e continuou - Tudo vai dar certo! O Daniel não é bobo, ele sabe o quanto és legal!
- Ah... - Enzo desvencilhou as mãos das de Pietro e continuou a falar - Obrigado Pietro! Por tudo: ouvir, encorajar...pelo elogio! Eu precisava conversar com alguém! Antes eu tinha uma amiga com que eu conversava...
- Bom dia Enzo... - disse Frida o interrompendo - Quem é o seu amigo? Alguma presa nova?
- Frida.... - Enzo levou um tempo para se conter e não agredir a garota ali mesmo - Cala a boca! O que você quer aqui?! Destilando veneno como sempre?
- Você até que é bonitinho! - disse ela se dirigindo a Pietro - Não se deixe enganar pelas aparências, esse aí não vale um centavo! - sem esperar nenhuma resposta, a garota saiu rindo.
- Conheces essa garota Enzo? - disse Pietro surpreso!
- Infelizmente sim! Ela é da minha turma e éramos amigos...uma longa história que eu vou ter que te contar outro dia, porque eu já estou atrasado para a aula!
- Tudo bem, também já está no meu horário! A gente se vê por aí então! - Com certeza! Até mais!

Enzo se dirigiu apressadamente para a sala de aula, ainda pensando na discussão com Daniel, mas também em como Pietro havia sido gentil em lhe escutar e acalmar. Enquanto isso, já na sala de aula, Frida estava mandando uma mensagem para Daniel com um a foto recém tirada na qual Pietro segurava a mão de Enzo.
Acho que o seu namoradinho tem outra presa! Cuidado! ;)

A garota havia tirado a foto, aproveitando o momento em que Enzo estava distraído conversando com Pietro. Quando mandou a mensagem ela pensou: Eu tenho certeza que o Daniel vai ficar muito chocado quando ver essa foto! Eu não tenho certeza se aquele traidor do Enzo o está traindo, mas tanto faz! Quando o Daniel receber essa mensagem estará tudo acabado entre eles e eu vou ter minha vingança contra esses dois!
Alheio a isso, Enzo assistiu à aula normalmente e, ao final, ligou para Daniel, perguntando se eles poderiam ser ver ainda neste dia e, para sua surpresa, o namorado afirmou que precisava conversar com ele imediatamente. A princípio, pensou que ele o teria perdoado pelo que acontecera de manhã, mas ele estava para descobrir que o assunto era outro. Quando chegou à casa de Daniel, ele o encontrou sentado no sofá, com os olhos vermelhos e uma expressão triste, como se tivesse chorado bastante, então prontamente indagou:

- Amor...Aconteceu alguma coisa? Você andou chorando?
- Andei Enzo... - Daniel assumiu uma expressão mista entre raiva e tristeza - Você pode me dizer, por que fez isso? - Ele entregou o celular, cujo visor mostrava a mensagem que Frida havia mandado mais cedo. Quando Enzo viu o conteúdo da mensagem, a sua expressão mudou drasticamente e ele estava visivelmente assustado.
- Amor...o que significa isso?
- Acho que era você quem teria que explicar certo?
- Amor... - Enzo estava atordoado - Você não pode acreditar no que está escrito aqui! A Frida só quer separar a gente!
- NÃO POSSO ACREDITAR ENZO?! - Daniel explodiu - Primeiro você me diz que eu te coloco em uma posição na qual você não quer estar, ou seja, o nosso relacionamento está sendo um fardo pra você! Depois eu recebo uma foto em que você está de mãos dadas...DE MÃOS DADAS...com esse sujeito que, estranhamento, você conheceu semana passada! O que você quer que eu pense? - DESCULPA! Desculpa, mas é só isso que eu posso dizer sobre o que aconteceu hoje de manhã! Eu deveria ter pensado mais em você, tudo bem, eu reconheço! Mas, outra coisa completamente diferente é você pensar que eu te trairia com o Pietro!
- Então como você me explica essa foto Enzo?! Meu deus, não foi uma fofoca boca a boca, a Frida me mandou uma foto Enzo!
- A Frida é uma vaca que só quer nos separar! Eu estava conversando com o Pietro hoje e ele, de fato, segurou a minha mão sim e eu não vou mentir que entendi o porquê dele ter feito isso, mas não foi pelo motivo que você está pensando! Eu estava muito mal por nós termos discutido hoje e precisava conversar com alguém, então eu encontrei o Pietro quando estava chegando à UFTU e nós conversamos algum tempo na "Snacks", onde a Frida tirou essa foto!
- Mas Enzo, porque você ficaria de mãos dadas com ele assim?! Você nem gostava que NÓS ficássemos assim logo no início e agora faz isso com um estranho! Ainda tem mais uma coisa, você não quis me explicar porque me rejeitou ontem quando eu disse que estava pronto para avançar no nosso relacionamento! Enzo, seja sincero comigo, você está saindo com esse cara? Ele é menos complicado que eu...
- PARA! - Enzo também explodiu - Eu nunca te dei motivos para duvidar de mim assim! Se você pode acreditar tão facilmente em qualquer mentira que a Frida invente é porque não confia em mim, e um relacionamento não se constrói dessa maneira!
- Mas Enzo...
- Escuta! - Enzo interrompeu - Primeiro, eu não te traí com o Pietro! Já confessei que conversei com ele hoje e de fato ele pegou na minha mão por alguns segundos, tempo suficiente pra Frida tirar essa maldita foto, mas não que eu tenha permitido, porque realmente não gosto de me expor desnecessariamente! Segundo, eu não quis fazer amor com você, porque você estava praticamente bêbado e apenas desinibido pelo vinho! Eu quero que isso seja especial e quando você de fato se sentir preparado! A gente já adiou isso tantas vezes e eu nunca tive problema com isso, por que iria querer que a nossa primeira vez fosse tão sem romantismo? Confia em mim, eu te amo! Eu fui um insensível hoje de manhã quando te disse aquilo, mas eu fiquei assustado com a possibilidade de as coisas irem tão mal com o seu pai quanto foram com a Frida, caso ele descubra por si mesmo que a gente está namorando! Mas se você não está pronto, tudo bem! Desculpa pelo que eu disse hoje, eu mereço que você esteja com raiva de mim, mas, por favor, não duvida que eu te amo e sou fiel a você!
- Amor... - Daniel estava chorando, mas suas feições haviam mudado e Enzo pôde perceber que ele tinha acreditado nele - Me desculpa também! Mas é que eu fiquei louco quando vi essa foto! Só de pensar que você poderia querer outra pessoa...que eu não fui suficientemente bom pra você...
- Você é mais que "suficientemente bom pra mim" - Enzo abraçou forte Daniel - Você é perfeito! Eu é que sou muito exigente com as coisas, por isso comentei aquela questão do teu pai, mas eu estava errado, talvez ainda não seja a hora... - Não! Mais uma vez você tinha razão e teve que me pressionar pra eu ver isso! Realmente seria bem melhor se eu pudesse falar para os meus pais que... - o celular de Daniel começou a tocar e ele verificou que era seu pai ligando - Amor...é o meu pai, preciso atender tá?
- Tudo bem!

Enquanto observava Daniel falar ao celular com o pai, Enzo percebeu que o namorado, progressivamente, mudou a expressão ao longo da conversa, passando de feições de espanto e preocupação, para horror, até começar a chorar e dizer: não, não. Então, Enzo indagou:

- Amor, o que foi que aconteceu?!
- Amor...a minha mãe... - Daniel se esforçava para falar entre as lágrimas e o desespero - a minha mãe sofreu um acidente grave! Ela está no hospital, na UTI! Preciso ir até lá ver como ela está!
- Eu vou com você! Vamos!
- Mas o meu pai vai estar lá amor...e...
- Tudo bem, eu serei só seu amigo por enquanto...Depois a gente vê essa questão, nesse momento o que interessa é ver como a sua mãe está!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Sommersturm (Tempestade de Verão)

Sommersturm (Tempestade de Verão), 2004


Tobi (Robert Stadlober) e Achim (Kostja Ullmann) são dois garotos bastante populares. Amigos desde a infância, acreditam que nada seria capaz de ficar entre sua amizade. Eles estão ansiosos pelas férias de verão, quando vão ao acampamento. Quando um grupo de homossexuais chega ao acampamento direto de Berlim, Tobi fica confuso em relação à sua sexualidade e os sentimentos sobre o melhor amigo. O filme mostra o vendava de emoções que essa dúvida traz à vida de Tobi e como isso se resolve até o final do verão.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Lucky Blue (Lucky Blue)

Lucky Blue (Lucky Blue), 2007


É um curta com 30 minutos onde somos apresentados a Olle (Tobias Bengtsson) que está organizando um festival anual de música em um pacato vilarejozinho no interior da Suécia. Então chega Kevin (Tom Lofterud), um rapaz, que a principio passa a impressão de ser grosso, fechado e mal humorado. Os dois se aproximam e se tornam amigos devido a um incidente com o pássaro (Lucky Blue) da tia de Kevin que acaba fugindo da gaiola, mas a relação evolui para algo que os deixa confusos e cheios de dúvidas.


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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Patrik 1,5 (Patrik 1.5)

Patrik 1,5 (Patrik 1.5), 2008


Göran Skoogh (Gustaf Skarsgård) e Sven Skoogh (Torkel Petersson) são um casal que adota quem eles acreditam ser um bebê de um ano e meio de idade (1.5) chamado Patrick (Tom Ljungman). No entanto, quando o menino chega, ele não é bem o que os dois esperavam. Houve um erro de digitação na idade do garoto e o casal recebe um jovem de 15 anos, homofóbico e com um passado criminoso. Entretanto, o que no início parece ser um conflito insolúvel, aos poucos revela-se uma sensível descoberta da amizade e do amor paterno, entre pessoas totalmente estranhas umas às outras.


domingo, 12 de janeiro de 2014

Capítulo 3 - Lembranças do Passado (Cont.)

Muitos dias se passaram desde que eu e Bernardo tivemos aquela breve discussão e nos reconciliamos, os quais foram, basicamente, compostos de trabalho no pasto - eu estava melhorando cada vez mais a minha habilidade de manejo das ovelhas com o aconselhamento de Bernardo, Manoel, pai dele, e João, seu avô -, namoro e integração familiar, pois a minha relação de amizade com Luíz e Henrique, recém-casados, estava indo muito bem e eu conseguira conhecer mais a respeito das irmãs de Bernardo, Paula e Juliana.
Entretanto, como sempre acontece quando eu estou desfrutando de algum momento feliz, algo abalou seriamente esse contexto de plenitude: quando eu e Bernardo retornamos para casa, depois de um longo dia de trabalho, encontramos a família reunida com os coletores de impostos que apareceram na casa de Manoel há alguns meses. Eu jamais poderia esquecer daqueles dois sujeitos e imaginei que, se eles tinham voltado à cidade antes do tempo determinado por eles mesmos, havia algum problema sério, de modo que logo perguntei:

- Boa Noite Família! Houve algum problema?
- Felipe, acho melhor você sentar meu filho! Receio que estes rapazes tragam más notícias!

A minha face instantaneamente perdeu a cor, as minhas mãos começaram a suar e a minha expressão logo se transformou, então me dirigi aos visitantes:

- Qual é o problema? Vocês vieram me prender?
- Não necessariamente príncipe Felipe! Mas seu pai insiste em vê-lo o mais breve possível em seu castelo!

Quando o coletor de impostos me tratou por aquele título eu fiquei surpreso, assim como as outras pessoas presentes na sala. Na verdade, há algum tempo eu vinha me questionando sobre a possibilidade de os coletores terem me reconhecido em sua visita anterior à cidade, visto que eu lembrara que os conhecia de Heliópolis, e agora confirmara minha hipótese, então formulei outra pergunta:

- Você comunicaram a meu pai que estava nesse vilarejo? Reconheceram-me na última vez em que estiveram nessa casa?
- Sim príncipe Felipe, de fato nós o reconhecemos, apesar de sua aparência ter mudado bastante. Então comunicamos ao Rei em nosso regresso a Heliópolis...

Ao ouvir aquele nome, Manoel se sobressaltou e interrompeu o coletor de impostos, se dirigindo a mim:

- Espera...Felipe, você é príncipe de Heliópolis?
- Sim Manoel, por que? Pensei que tivesse mencionado isso...
- Receio que você não mencionou meu filho e isso muda drasticamente as coisas...
- Por que Manoel? Qual o problema?
- Felipe...Luminus é um vilarejo semi-independente, porém ainda está submetido ao poder do Rei de Heliópolis! Não há como nós nos opormos a uma ordem direta, pois isto implicaria em represália para o nosso povo! Eu pensei que tivesses vindo de outro reino!
- Felipe, eu também não sabia que você tinha vindo de Heliópolis! Meu deus, o que vamos fazer agora?
- Receio que o príncipe terá que nos acompanhar imediatamente para o reino!
- Não...ninguém vai levá-lo!
- Meu rapaz, você está confrontando as ordens do Rei?
- Não! Não! Ele apenas está exaltado, acalmem-se!
- Mas Felipe...
- Bernardo, não há nada que eu possa fazer!
- Bernardo, meu filho, ele tem razão! Não há nada que possamos fazer além de obedecer!

Eu ainda estava processando aquela situação: primeiro assimilei o que Manoel dissera, pois eu realmente não sabia da verdadeira extensão do reino, de modo que não tinha conhecimento sobre os pequenos vilarejos que faziam parte da sua abrangência; segundo, eu percebi que eu nunca tinha tomado conhecimento do nome do vilarejo, apesar de estar ali há algum tempo; por fim, eu não me conformava com a submissão àquelas ordens, mas entendia que seria melhor obedecê-las, pelo bem da minha nova família. Porém, em um estalo, eu pensei algo e perguntei novamente aos coletores de impostos:

- Por que meu pai quer me ver? Eu fui banido e exilado! Na verdade, não posso voltar para o reino, segundo uma ordem do meu pai!
- Correto príncipe! Mas sua mãe, a rainha, está muito doente e ele achou melhor chamá-lo para que ela pudesse ter a chance de vê-lo, já que nós encontramos o seu paradeiro. Portanto, o seu exílio está momentaneamente revogado, inclusive o Rei já fez um comunicado oficial sobre isso á alguns dias.
- Minha mãe?! Mas o que é? qual o problema? é muito grave?
- Não sei lhe dizer príncipe, pois não entendemos desse assunto, mas o povo comenta que algo a acometeu subitamente e agora vive acamada.
- Meu Deus! Realmente eu preciso ir então!

Eu estava visivelmente abalado pela notícia, então coloquei meu rosto entre as pernas, enquanto estava sentado, o cobri com ambas as mãos e comecei a chorar. Alguns segundo depois eu senti uma mão repousar e afagar as minhas costas e eu não precisei levantar a cabeça para saber que era Bernardo, simplesmente continuei chorando, até que Bernardo se inclinou e falou ao meu ouvido:

- Eu vou com você!

De repente, um estranho sentimento de felicidade e segurança me invadiu, o que me deu forças para me erguer e abraçar Bernardo. Quando me senti ainda mais forte, eu me recompus e me dirigi novamente aos coletores de impostos:

- Posso levar convidados comigo?
- Não estou certo disso príncipe! Porém, permitirei que o senhor leve dois convidados nessa viagem.
- Muito bem, eu com certeza vou com você!
- Eu também o acompanharei Felipe!
- Agradeço o apoio Manoel! Me desculpe por não ter contado sobre Heliópolis!
- Imagina meu filho! Eu sei que não fizestes por mal!
- Meu senhor, permites que nós passemos a noite aqui, para podermos partir logo pela manhã?
- Claro, vou providenciar as instalações para vocês passarem a noite.

Após Manoel providenciar o local para que os coletores de impostos passarem a noite, cada um se dirigiu para o seu quarto e foi dormir. Porém, quando estávamos a sós em nosso quarto, eu ainda queria conversar com Bernardo.

- Muito obrigado por me acompanhar nessa viagem Bernardo! Acho que ela vai ser bem difícil por inúmeros motivos e você sempre é um porto seguro pra mim!
- De nada! Eu nunca te deixaria ir sozinho nessa viagem, nem que eu tivesse que ir preso te acompanhando!

Nós rimos daquilo e era realmente muito bom poder descontrair um pouco depois de tantas reviravoltas que aquele dia trouxe. Depois de um tempo eu continuei a falar:

- E...desculpa se eu só trago dor de cabeça pra sua família! Acho que estou sob algum tipo de feitiço que atrai coisas ruins!
- Não diga isso! Eu já te disse quantas coisas boas você me trouxe! Vou precisar repeti-las?
- Acho que não! Mas que deve ter algum tipo de feitiço eu não duvido!
- Só se for algum tipo de poção do amor digna de Afrodite, porque eu estou completamente louco de amor por você!

Depois que Bernardo disse isso ele se atirou sobre mim e me envolveu com seu corpo em um abraço, depois me beijou e passou a acariciar meus cabelos. Então, mudando sua expressão para um tom mais sério, ele disse:

- Não se preocupe com essa viagem! Eu vou estar do teu lado pra te proteger o tempo todo! Além disso, a sua mãe vai se recuperar com certeza! Por um lado, essa convocação é relativamente benéfica, pois demonstra que seu pai consegue sobrepujar o que ocorreu por uma causa maior!
- Olhando por esse lado, você tem razão! Talvez a minha sorte esteja mudando!

Em pouco tempo eu e Bernardo caímos no sono e no dia seguinte estávamos preparados para enfrentar a longa viagem ao palácio em Heliópolis. Antes disso, os outros vieram se despedir de nós, começando por Paula:

- Boa sorte nessa viagem pra vocês! Espero vê-los em breve! Tomem cuidado na estrada!
- Eu também desejo boa sorte! Espero que tudo se resolva com os teus pais Felipe!
- Muito obrigado Juliana, eu também!
- Meus filhos, que Deus os abençoe! Voltem o mais breve possível!
- Muito obrigado minhas filhas e meu pai! Voltarei em breve, tenham cuidado aqui em casa e avisem aos comerciantes que o fornecimento dos materiais vai atrasar alguns dias.
- Pode deixar meu pai! Nós faremos isso!
- Muito bem, acho que podemos partir, certo?
- Certo! Até mais!
- Até mais família!
- Até mais!

A partir desse momento, saímos em uma viagem que desencadearia muitos fatos importantes no meu futuro. Por ora o que eu sabia era que minha mãe estava muito doente e eu precisava vê-la, embora ainda tivesse um mal pressentimento sobre retornar ao local onde eu fui exilado e humilhado perante todo o povo por meu pai. De qualquer modo, a presença de Manoel e Bernardo me deixava mais tranquilo.
Durante a partida, uma pergunta me vinha constantemente à mente: será que o meu pai, de algum modo, mudou os seus ideais sobre o relacionamento homossexual e reconheceria a genuinidade dos pressupostos que Manoel sustentava sobre o assunto, bem como aceitaria a minha relação com Bernardo? Ou será que nada tinha mudado e eu estava colocando em problemas duas pessoas que eu tanto amava?

sábado, 11 de janeiro de 2014

Juste Une Question D'Amour (Apenas Uma Questão de Amor)

Juste Une Question D'Amour (Apenas Uma Questão de Amor), 2000


Laurent (Cyrille Thouvenin) é um rapaz que mora com a melhor amiga Carole (Caroline Veyt), que finge ser namorada dele em eventos da sua família conservadora. Ele esconde da família a sua orientação sexual, por medo de ser abandonado, como ocorreu com um primo que também era homossexual e morreu de hepatite sem suporte familiar. Durante um estágio, ele conhece Cedric (Stéphan Guérin-Tillié), um cientista de plantas, por quem se apaixona. Porém, Cedric tem um padrão de aceitação familiar quanto à homossexualidade totalmente diferente de Laurent, o que exigirá de ambos a capacidade de lidar com as diferenças nos modos individuais de lidar com essa situação.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Beautiful Thing (Delicada Atração)


Beautiful Thing (Delicada Atração), 1996


No subúrbio londrino, Jamie Gangel (Glen Berry) e Ste Pearce (Scott Neal) são dois vizinhos e colegas de colégio. Ste mora com o irmão e o pai alcoólatra, que frequentemente o espanca. Jamie mora com a mãe, que sensibilizada com os maus tratos ao vizinho, convida-o para ficar em sua casa, no quarto do filho. Mal sabe ela que daí vai surgir um caso de amor entre os dois garotos, permeado pelos delicados detalhes da descoberta do primeiro amor.

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domingo, 5 de janeiro de 2014

Shelter (De Repente, Califórnia)

Shelter (De Repente, Califórnia), 2007


O protagonista Zach (Trevor Wright) vive a descoberta de um romance com o irmão mais velho do seu melhor amigo, Shaun (Brad Rowe),o qual regressa a casa para procurar inspiração para um novo livro. Zach é habituado a uma vida onde omite as suas próprias necessidades em favor de cuidar de sua irmã mais velha, Jeanne (Tina Holmes) e o seu sobrinho, Cody (Jackson Wurth) que o considera um verdadeiro pai. Shaun e Zach acabam por desenvolver uma grande amizade, mas aos poucos começam a se relacionar emocionalmente. Apesar de se sentir atraído por Shaun, Zach vai estar cheio de dúvidas e terá receios de enfrentar a sua verdadeira identidade, a sua família e amigos.



sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Capítulo 4 - O Início de Uma Guerra (Cont.)

Incrivelmente, este momento causou dois tipos de reação nas pessoas que estavam presentes no campus naquele momento: algumas, como esperado, fizeram comentários reprovadores e franziram o cenho para o que estava acontecendo, porém, a reação mais interessante ocorreu quando alguém começou a aplaudir a cena e foi seguido por um número considerável de pessoas.
Quando o beijo finalmente terminou e os dois perceberam a reação das pessoas, apenas agradeceram timidamente e se retiraram caminhando apressadamente por um corredor até que encontraram um lugar onde puderam conversar sobre o ocorrido.

- Amor, o que foi isso? Eu não esperava - Enzo disse ainda agitado - Você devia ter me avisado!
- Desculpa amor! Mas eu tinha que fazer isso e não ia ter coragem se eu te contasse antes! - Daniel puxou Enzo para si e continuou - Você é meu porto seguro! Eu te amo tanto, que não me importo de fazer esse tipo de exposição pública!
- Você não precisa amor! Olha, eu adorei o que você fez hoje, mas não precisamos mais desse tipo de exposição! - Enzo acaricia o rosto de Daniel e lhe dá um breve beijo - Eu também te amo muito e não preciso que os outros aprovem isso!
- Desculpe amor, acho que fiz besteira né?!
- Claro que não! Como eu disse, eu adorei! E eu sei que você teve a melhor das intenções! Isso só me faz te amar ainda mais, porque eu sei que isso foi tão difícil pra você quanto pra mim!
- Realmente! - Daniel começou a rir - eu estou tremendo até agora!
- Bem, agora eu preciso ir para a aula amor! Que horas você vai sair daqui?
- Minha aula termina ao meio dia e a sua?
- Termina às onze e meia, mas tenho outra aula uma da tarde, então vou ficar direto por aqui e comer na "Snack". Você poderia almoçar comigo e me fazer companhia até começar minha aula da tarde?
- Claro amor! Quando você sair, me avise pelo celular e me espera na "Snack", que assim que eu sair vou correndo lhe encontrar.
- Muito obrigado amor! - Enzo deu um beijo e um abraço rápido no namorado - Agora realmente eu preciso ir! Até depois - ele prontamente saiu correndo em direção à sala de aula.
- Até depois - Daniel precisou gritar visto que Enzo já estava a uma boa distância.

Quando Enzo chegou à sala de aula, as pessoas começaram uma salva de palmas que foi rapidamente coibida pelo professor ministrante naquele momento. O rapaz ficou mais envergonhado do que nunca, apesar de no íntimo se sentir estranhamente lisonjeado, então rapidamente sentou na primeira cadeira vazia que avistou e começou a fazer anotações em seu caderno, a fim de, primeiramente, se concentrar em algo que não fosse os cochichos e, claramente, para entender o que estava sendo abordado na aula.
Naquele dia a aula terminou bem mais cedo, aproximadamente dez e meia, e Enzo se dirigiu à lanchonete como tinha combinado com o namorado, embora ainda tivesse que esperar algum tempo para encontrar com Daniel. Desse modo, o rapaz resolveu revisar as anotações que efetuara durante a aula para passar o tempo, porém, alguns minutos após começar essa tarefa alguém, inesperadamente, sentou na mesa em que ele estava e disse:

- Oi!
- Oi amor - disse Enzo sem tirar os olhos das anotações, pois imaginara que fosse Daniel - Eu pensei que...- ao levantar a cabeça e avistar um completo desconhecido ele reformulou a sua fala - Quem é você?
- Desculpa, não queria te assustar! Meu nome é Pietro...e eu queria te cumprimentar pela cena de hoje cedo no pátio central! É necessária muita coragem para se assumir assim na frente de toda a universidade.
- Não me assustastes, eu só pensei que fosse outra pessoa! - explicou Enzo - Bom...de qualquer forma, obrigado! Mas o que te levou a vir até aqui só para me cumprimentar?
- Posso me sentar?
- Claro, eu estou com um tempo livre mesmo! E fiquei bastante curioso com a tua atitude!
- Obrigado - disse Pietro enquanto se sentava - Olha, na verdade eu fiquei realmente bastante comovido com a atitude de vocês em se assumir assim publicamente enquanto um casal e então eu te vi aqui sozinho e resolvi vir falar contigo, embora não soubesse muito bem o porquê! - ele começou a rir.
- Eu entendo! Bem, mas és homossexual?
- De certa forma sim...na verdade, acho que o melhor termo seria bissexual. Mas isso é bastante novo pra mim.
- Deixe-me adivinhar...não tens ninguém para conversar sobre isso né?!
- Acertou! - ele instantaneamente corou e baixou a cabeça - Eu não sei muito bem porque vim falar contigo...é muita loucura vir falar contigo só porque és homossexual? - ele levantou a cabeça novamente com uma expressão de embaraço.
- Bem...talvez - Enzo riu brevemente - eu não saberia muito o que te dizer...
- Desculpa te incomodar...eu não sei o que eu tinha na cabeça! - Pietro se levantou da cadeira.
- Espera! Eu não disse que a gente não podia conversar! Não posso te ajudar nesse assunto porque não te conheço, mas podemos nos conhecer - Enzo fez sinal para que o rapaz sentasse novamente - Senta aí e me fala sobre ti.
- Tudo bem...- Pietro sentou novamente e começou a procurar as palavras para começar - bem...o que queres saber?
- O que quiseres falar - ambos riram.

Pietro contou a Enzo, entre muitas outras coisas, que estava cursando o segundo semestre de Fisioterapia e sempre se relacionou com garotas, embora há cerca de dois meses tenha se envolvido com um rapaz de sua turma, o qual, assim como ele, está em um processo de descoberta bissexual. Os dois permaneceram conversando até que Daniel chegou à "Snack". Quando Enzo o avistou, prontamente disse:

- Oi amor! Pensei que não fosses mais vir! - Enzo se levantou e foi dar um abraço no namorado.
- Desculpa amor! O professor não parava de falar e quis levar a aula até o último minuto! - Disse Daniel retribuindo o abraço e, quando avistou Pietro cochichou para Enzo - Quem é esse amor? É um amigo seu?
- Longa história amor, depois te conto direitinho - Enzo cochichou de volta e então se virou para Pietro dizendo - Amor, esse aqui é o Pietro, um amigo meu!
- Oi cara, tudo bem? - Daniel estendeu a mão para o rapaz.
- Tudo bem! - Pietro apertou a mão de Daniel - Prazer em te conhecer!
- Igualmente!
- Bom, agora que chegastes eu vou pra casa - Pietro se levantou e então se dirigiu a Enzo que ainda estava de pé - Muito obrigado Enzo, até mais!
- Até mais Pietro - Respondeu Enzo - a gente se vê por aí.
- Com certeza - respondeu Pietro enquanto ia embora.

Enzo contou toda a história de como conhecera Pietro para Daniel, o qual comentou:

- Nossa amor! muito estranho ele vir falar com você tão de repente!
- Eu também achei amor, mas ele até que é um rapaz bastante simpático! - disse Enzo.
- Hummm! Não precisava elogiar também né!
- Ciúmes uma hora dessas! - Enzo riu - Você sabe que ele não tem a menor chance contra você né?!
- Claro que sei! - Daniel riu e então o beijou.
- Amor... a minha aula vai começar daqui a pouco!
- Já amor! - Lamentou Daniel - poxa, por causa daquele professor eu nem consegui te fazer companhia e fui substituído por esse tal de Pietro! Inadmissível! Eu quero que você vá jantar comigo hoje lá em casa para compensar! Você pode?
- Deixa de ser bobo! - respondeu Enzo rindo - Mas eu acho eu posso amor!
- Ótimo! Você se importa se eu não vier te buscar, é que eu mesmo quero preparar algo e isso pode levar algum tempo!
- Claro que não amor! Eu pego o metrô e chego lá rapidinho!
- Então tá certo! Vamos, eu vou te levar até a sua sala! - disse Daniel se levantando.

Daniel deixou Enzo na sala de aula e seguiu para casa, a fim de preparar um dos itens do seu restrito repertório culinário: macarronada. Apesar do prato não demorar muito, o que ele realmente estava pensando quando deixou de ir buscar Enzo era preparar a casa de um jeito especial para recebê-lo, com toda a liberdade já que os seus pais, como sempre, estava viajando.
Quando Enzo chegou, por volta do final da tarde, ele apertou a campainha e o portão destrancou em seguida, então ele entrou, estranhando o fato da casa estar com praticamente todas as luzes apagadas. Ao chegar à sala de jantar, ele encontrou Daniel em pé ao lado da mesa, que estava decorada com velas. Este se aproximou de Enzo e então perguntou:

- O que achas amor? Muito piegas?
- Absolutamente não! - Enzo respondeu e então beijou suavemente o namorado.
- Então você gostou?
- Eu não tenho nem palavras para descrever como eu me sinto!
- Então se acomode - Daniel puxou uma cadeira para Enzo sentar - enquanto isso eu vou buscar o que eu preparei.

Daniel voltou trazendo a macarronada e uma garrafa de vinho, então os dois jantaram e conversaram por alguns minutos. Depois disso, passaram para a sala de estar onde continuaram conversando, porém começaram a trocar carícias e beijos. Em meio a isso, Enzo disse:

- Amor, eu adorei o que você fez hoje!
- Que bom amor! Eu sempre faço tudo para te deixar feliz! Porque você é o amor da minha vida!
- Você também é o amor da minha vida! - Enzo o beijou novamente então continuou a falar - Realmente não tem perigo dos seus pais chegarem de repente amor? Afinal, pra onde eles viajam tanto?
- Não amor! a minha mãe passa dias fora fechando negócios pela empresa em que ela trabalha e o meu pai está sempre empenhando em algumas causas do tribunal.
- Entendi...mesmo assim, eu prefiro que a gente fique no seu quarto, tudo bem?
- Claro, eu já ia te convidar para subir mesmo! Vamos!

Daniel bebera bem mais que Enzo naquele dia, por isso ele estava um pouco tonto e bem menos inibido por causa do álcool. Desse modo, enquanto os dois estavam deitados na cama de Daniel, conversando e trocando carícias, e o clima, naturalmente, "esquentou", Daniel se portou de forma diferente da última vez, dizendo:

- Amor, eu acho que dessa vez eu estou pronto para avançar um passo na nossa relação! - Ele beijava e acariciava Enzo de forma bastante intensa enquanto dizia isso.
- Amor... - Enzo parou e pôs a mão na face de Daniel - Eu quero muito que isso aconteça...mas não assim...
- O que você quer dizer? - disse Daniel sem entender.
- Bom, eu acho que você só está pronto por causa do vinho e eu não quero que a nossa primeira vez seja impulsionada por isso! Desculpa se eu estou sendo chato, mas...

A discussão foi interrompida por um barulho no andar de baixo, seguido de passos na escada. Rapidamente Daniel exclamou:

- Amor, acho que são meus pais! Vai pro banheiro, rápido!
- Meu deus! - disse Enzo, enquanto corria para o banheiro.

Exatamente quando o rapaz entrou no banheiro, a porta do quarto de Daniel abriu e o seu pai surgiu, dizendo:

- Boa noite filho! Pensei que já estivesse dormindo!
- Ainda tô sem sono pai! - disse Daniel ainda nervoso - como foi a viagem?
- Um pouco cansativa, mas é sempre bom viajar não é?
- Claro pai... - Daniel foi interrompido por um barulho no banheiro.
- Quem está no banheiro filho?
- Ah...é o Enzo pai, ele veio dormir aqui hoje! - Daniel estava imensamente nervoso - Espero que não tenha problema!
- Problema nenhum filho! - o pai de Daniel se dirigiu até o banheiro, bateu à porta e falou para Enzo - Como vai Enzo? Fazia tempo que não te via!
- Oi seu Pedro! - disse Enzo ainda dentro do banheiro - Espere só um instante que eu já vou sair para cumprimentá-lo.

Os dois rapazes, ainda que muito nervosos com a situação, conversaram por alguns instantes com o pai de Daniel, até que este anunciou que ia dormir, pois estava cansado da viagem:

- Bem rapazes, eu já vou me retirar, pois eu preciso descansar direito! Boa noite pra vocês e foi muito bom revê-lo Enzo! Apareça qualquer outro dia desses, quando a Joana estiver por aqui, pra gente colocar o papo em dia.
- Tudo bem seu Pedro, apareço sim! - respondeu Enzo.

Quando Pedro tinha efetivamente se retirado do quarto, Enzo virou para Daniel e exclamou:

- Você não disse que não havia risco de que eles chegassem hoje?!
- Amor, como é que eu ia imaginar que o meu pai ia chegar assim tão de repente! Tamanha hora da noite!
- Eu fiquei com tanto medo que ele nos flagrasse! Afinal eu não quero te trazer problemas!
- Você não me traz nenhum problema! Isso foi só um imprevisto, não tinha como nós adivinharmos que isso ia acontecer! Relaxa amor! Mas e quanto ao que a gente estava conversando antes dele chegar...
- A gente pode conversar sobre isso amanhã? Eu não estou muito afim de falar sobre isso agora! Na verdade eu tô morrendo de sono!
- Tudo bem! Vamos dormir! - Daniel beijou o namorado, então, lembrando de uma coisa importante, continuou a falar - mas...nós vamos ter que colocar o colchão no chão pra você dormir, já que o meu pai tá em casa!
- Eu imaginei... - ambos riram.

Depois de arrumarem tudo, os dois, finalmente, se deitaram para dormir. Porém, antes de dormir, Enzo ainda passou algum tempo refletindo sobre o que acontecera naquela noite com o pai de Daniel e chegou à conclusão de que eles precisavam conversar sobre aquilo, embora ele soubesse que ia ser bastante complicado, pois haviam dois sentimentos conflitantes para ele nessa história: primeiramente, ele não gostava da ideia de ter que mentir para o pai de Daniel, pois ele não achava justo e nem correto fazer isso enquanto estava sob o teto dele, então precisava pedir ao namorado que esclarecesse a situação para os pais; por outro lado, ele sabia que Daniel já havia demonstrado anteriormente o quanto o amava fazendo a revelação pública do relacionamento na UFTU e poderia ser exigir demais dele ter que, logo em seguida, contar para os pais sobre a sua orientação sexual.
Daniel interrompeu os pensamentos dele dizendo:

- Boa noite amor! Eu te amo!

- Eu também te amo amor! Durma bem! - Enzo novamente estava em conflito sobre continuar mantendo em segredo o relacionamento e contrariar os seus princípios por amor a Daniel. Então ele lembrou o quanto isso dera errado com Frida, o que o deixou ainda mais confuso.