domingo, 21 de abril de 2013

Capítulo 2 - Caminhos Cruzados (Cont.)

O filho mais novo de Rita, chamado Lucas, sempre estava na casa de Daniel, visto que os dois tinham a mesma idade e adoravam brincar juntos. A babá levava o filho para o emprego depois da aula, pois os patrões nunca expressaram nenhum incomodo pela presença do menino na casa. Os dois garotos se tornaram melhores amigos e passavam horas jogando videogames, assistindo televisão, entre outras tarefas, até que Lucas finalmente tinha que ir embora pra casa.
Rita permaneceu cuidando de Daniel até quando ele completou 7 anos de idade, pois exatamente na festa de comemoração do 7º aniversário um fato muito intrigante ocorreu, o que a fez deixar o emprego.
Antes de todos os convidados chegarem Daniel estava em seu quarto brincando com Lucas, como de costume. Quando o início da festa já estava próximo Rita interrompeu a brincadeira e pediu aos dois que fossem tomar banho e se arrumar para que Daniel pudesse receber os convidados, e como já estava quase na hora da festa e os dois já haviam feito isso outras vezes, Rita pediu que eles tomassem banho juntos.
Porém, enquanto os dois tomavam banho, algo diferente dos outros dias ocorreu quando Lucas, se referindo a um acontecimento do dia anterior, relatou que viu uma revista do seu pai, na qual uma mulher estava fazendo sexo oral e ficou muito curioso sobre o porquê daquilo. Daniel não soube sanar a dúvida do amigo, mas respondeu que deveria ser bom. Então Lucas perguntou a ele se poderia tentar fazer isso nele, para ver se realmente era bom.
Exatamente no momento em que Lucas estava “experimentando", Rita abriu a porta do banheiro e presenciou a cena. Prontamente ela segurou as mãos do filho, ainda perplexa, e deixou a casa, sem dizer nenhuma palavra.
Rita era uma mulher muito carinhosa com Daniel, mas também era muito preconceituosa em relação ao homossexualismo. Então a cena que ela presenciou, apesar de não passar de uma exploração de duas crianças em relação ao sexo oral, foi considerada inadmissível e imperdoável. Depois de conversar muito com o filho em casa e repreendê-lo inúmeras vezes pelo ocorrido, compareceu à casa dos patrões para pedir demissão e contar o que tinha visto.
Depois deste dia Daniel nunca mais viu Rita ou Lucas, e recebeu muitas repreensões dos pais em relação ao ocorrido, relacionadas em grande parte a preceitos bíblicos nos quais o filho poderia "cair em perdição" por perverter a carne. Desde então, Daniel não teve, nem de perto, outra experiência que possa ser considerada de caráter homossexual.
Na adolescência chegou a ter uma namorada aos 16 anos, com quem permaneceu 6 meses, porém simplesmente não evoluiu para um relacionamento mais elaborado.
Durante toda a infância e adolescência, apesar de ser muito bonito e paquerado pelas garotas, Daniel nunca se interessou muito por conhecer outras pessoas. Na verdade, o que ele mais gostava era de praticar natação boa parte do dia, jogar videogames e ler alguns livros.
Quanto às amizades, apesar de ser muito sociável e gentil com todas as pessoas que conhecia na escola e outros locais onde realizava atividades extracurriculares, ele nunca criou um vínculo tão íntimo quanto o que estabelecera com Lucas quando criança.
Ao final do ensino médio Daniel resolveu prestar vestibular para Educação Física, um curso totalmente relacionado à sua paixão por esportes, principalmente a natação, é claro. Porém, o pai o pressionou a fazer Direito, em decorrência das melhores oportunidades de emprego e remuneração em comparação com o outro curso.

Ainda que a contragosto, Daniel prestou vestibular para Direito, e, considerando-se que sempre foi muito esforçado e inteligente, passou em primeiro lugar geral na UFTU. A festa em sua casa foi muito grande, e toda a felicidade expressa pelos seus pais no dia da aprovação "compensou" o fato de estar em um curso que não queria.

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